Eu acredito ter sido testemunha da primeira vez em que o Gigante entrou no parque.
Foi em meados de 2009 e eu vi aquele cão magrelo e cambaleante, saído sabe-se lá de onde, passando pelo portão e deitando-se num canto. Eu observei a cena de dentro do carro, quando me preparava para ir embora, mas voltei para vê-lo de perto. Tinha comigo só um punhado de ração, que ele devorou em segundos. O aspecto dele era péssimo. Além da magreza, tinha os olhos embaçados, cheio de secreção (eu julguei que fosse cego) e a pele da barriga e das coxas cheia de feridas, talvez sarna, talvez alergias. Eu que, na época, entendia quase nada sobre cachorros, tive certeza de que se tratava de um cão muito, muito velho.
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No parque, início de 2010 |
Sei que ele foi ficando por lá. Encontrava-o dormindo em qualquer canto, dentro do parque ou na porta de um botequim que fica a poucos metros da entrada. E foi melhorando, engordando, perdendo o aspecto de cachorro velho.
Muito bonzinho e sociável, seguia as pessoas que brincavam com ele, como seguia a mim por toda parte. Muitas vezes, me seguia para fora do parque quando eu ia embora, até a porta do carro: e eu, tinha que pedir para um dos guardadores de carro do parque que o segurassem ou distraíssem, para que ele não seguisse o veículo.
A Alessandra, que eu já conhecia, também cuidava dele, mas com uma diferença: ela vai ao parque a pé... Um belo dia, o cachorrão apareceu no portão da casa dela, que fica a pelo menos 3 quilômetros do parque. Mas não que a tenha seguido: segundo ela conta, ela a farejou.
Para resumir a história, Gigante - como acabou batizado - não foi adotado: ele a adotou. Foi colocado pra dentro e hoje faz companhia aos outros sete cães da casa.

Muito longe de ser um cão "velho", quando apareceu era, na verdade, um maltratado filhotão. E mesmo hoje, ainda mais grandalhão, com seus inconfundiveis olhos de duas cores, continua se comportando como um.
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