Pimenta e Clara

por Os Cães do Parque


Em 19 de Setembro de 2010, um domingo, mal havíamos nos recuperado do susto de ter encontrado, uma semana antes, a caixa com os 10 filhotes e mal tínhamos iniciado os procedimentos para encaminhar para adoção os 8 que estavam sob a guarda da Esther Rodrigues, encontramos mais uma surpresa no parque: duas cadelinhas miudinhas, quase idênticas, obviamente irmãs e aparentando 60 dias de vida, foram encontradas pelos vigilantes próximas de um dos portões de acesso ao complexo. 


Evidentemente, era mais um caso de abandono.


Diante da situação, não houve tempo para sentir ódio do tipo de gente que faz isso, abandonando animais inocentes numa área pública para que, com sorte, o "problema" chegue às mãos de pessoas que se incumbam dele.


Nós, no caso.


Não poderíamos entregá-las à Esther, já sobrecarregada. Ignorar as peraltas e famintas vira-latinhas, impossível. Como única idéia que ocorreu, pelo celular, localizamos uma senhora conhecida, funcionária e residente do parque, que sabíamos ser amiga e protetora dos cães.


Ela concordou em abrigar as duas cachorrinhas provisoriamente, enquanto nos encarregássemos das adoções: MAIS DUAS adoções! E pensávamos: haverá lares para onde possamos encaminhar tantos cachorrinhos?


Na semana seguinte, enquanto começávamos a divulgação das adoções no twitter, a Esther tratou de incluir as nossas duas novas tuteladas no pacote de castrações.




Em 9 de Outubro, 20 dias após as termos encontrado, a primeira das irmãs foi adotada: a Patrícia viu o anúncio na internet, entrou em contato e veio buscar a filhote mais gorduchinha, a quem batizou de Clara.




 

Mas o melhor veio na semana seguinte. A postagem da montagem ao lado, no twitter e no site Animais para Adoção provocou uma avalanche de e-mails de pessoas encantadas e sensibilizadas com olhar da cachorrinha, que "reclamava" de a irmã já ter sido adotada e ela ainda não.

Marketing? Pode ser, mas o fato é que pudemos calmamente escolher para quem deveríamos entregar a repentinamente cobiçada criaturinha.




E escolhemos entregá-la a uma família do bairro do Morumbi, de um médico e de uma administradora, sem outros animais e sem crianças que, além das boas condições, demonstraram outra coisa que a gente adora: convicção!

Toda enfeitada, a sorridente e charmosa Pimenta, no banco de trás do carro, indo para sua nova casa





E foi assim que, em 16 de Outubro, a Rossana  recebeu a cachorrinha que ela tanto quis: e já a aguardava com ração, caminha, roupinha e brinquedos. Ela já tinha inclusive um nome (apropriadíssimo) escolhido para ela: Pimenta!



De nascida sabe-se Deus onde e abandonada num parque público da Zona Norte, a Pimenta foi ser patricinha lá no Morumbi. Foi ser a criança da casa e viver uma vida de mimos e de muito carinho, em uma das adoções mais bem sucedidas que promovemos.

Cachorro não tem consciência dessas coisas. Não sabem o que é bonito e o que é feio, o que é riqueza e o que é pobreza. Amarão igualmente um mendigo ou um príncipe, desde que o reconheçam como protetor.

Cachorro não tem essa consciência.
Mas nós temos!
E, confessamos, nos divertimos muito em fazer essa "ponte" entre um cão abandonado e seu adotante e em imaginar que a vida dele poderá ser muito melhor do que a da pessoa que um dia o descartou, como fosse um objeto.

E, pensando na Clara, na Pimenta e em suas adotantes, lembramos de um dos "refrões" que mais gostamos de usar: quem compra cachorro é BREGA, gente CHIQUE adota um vira-lata!

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