18 (DEZOITO) gatinhos

Por Os Cães do Parque

Um total de 18 (dezoito) gatinhos foram encaminhados em adoção pelos Cães do Parque no primeiro semestre de 2013.

Foram tantos felinos, saídos de tantas situações diferentes, que suas histórias serão resumidas aqui, em uma única postagem.



Um terreno baldio, uns gatinhos e uma eficiente gatoeira. 

Ninguém sabe exatamente como foi que alguns gatos apareceram em um enorme terreno vazio, no bairro de Alto de Santana, Zona Norte de São Paulo. Mas fato é que há mais de um ano, alguns deles haviam se criado naquele espaço, graças à alimentação e água fornecida por vizinhos.

Não é difícil imaginar o que aconteceria com aquela comunidade felina a médio prazo, caso uma intervenção não acontecesse: procriação, filhotes nascendo e morrendo, o problema se multiplicando.

Tentativas de capturar alguns dos gatos de maneira convencional não tiveram êxito: eram todos arredios, não permitiam aproximação. Entre eles, havia duas fêmeas e o problema tornou-se mais grave e urgente quando notou-se que uma delas estava prenha.

No final de Setembro de 2012, a Maria Luiza, que era quem se encarregava da operação de captura dos felinos, providenciou a ferramenta que faltava: uma gatoeira automática.  

Informações para protetores envolvidos em situações semelhantes: a armadilha é fabricada por uma empresa de Osasco, SP, (www.fermarame.com.br) e até desconto para protetor eles concedem: de R$ 338,00, saiu por R$ 298,00, com frete incluso.

Armada no terreno, tendo whiskas sachê como isca, a gatoeira logo começou a mostrar sua eficiência. Um gatinho macho jovem foi o primeiro a ser capturado e prontamente encaminhado para castração: um lar temporário já fora conseguido para ele. O mesmo aconteceu com uma gata de pelagem 'escaminha': capturada, castrada e abrigada. Um outro macho, porém adulto e muito bravo, chegou a ser capturado, mas foi solto em seguida: ele não era prioridade.

Em seguida, finalmente a "presa" mais aguardada: assustada e gravidíssima, a gatinha de olhos azuis caiu na armadilha. Inicialmente, passou alguns dias em uma clínica veterinária próxima ao terreno e, em seguida, foi para a casa da Maria Luiza, que lhe daria lar temporário pelos próximos meses - até que os filhotes nascessem, até que crescessem o necessário: a história toda, já se sabia, duraria cerca de 4 meses.

Amedrontada e prestes a dar à luz, a gatinha, batizada como Ceci, permaneceu os primeiros dias isolada, praticamente sem permitir contatos com as pessoas da casa: havia passado toda a sua vida até ali no abandono, quase como um animal selvagem - tudo para ela era novo e assustador.

Na noite de 15 de Outubro de 2012, tendo uma grande caixa de papelão como "ninho", em um local isolado da casa, ela entrou em trabalho de parto. Nasceram cinco gatinhos, todos de pelagem clarinha. Só se saberia algum tempo depois que eram três machos e duas fêmeas.

A partir dali, o que se seguiu foram meses de diversão: ao contrário da mãe, aqueles gatinhos nasceram e cresceram como príncipes, cercados de proteção e cuidados, boa alimentação, higiene e carinho, além de terem sido, desde o nascimento, completamente socializados - com pessoa, outros gatos e cães. 

Baltazar, com 15 dias.

Ao contrário da improvisação que quase sempre marca o encaminhamento de animais resgatados do abandono, aqueles cinco pirralhinhos felinos tinham, desde antes de nascerem, todo um cronograma já pré estabelecido: já se sabia quando seriam vacinados, quando seriam castrados e quando seriam anunciados para adoção. 

Alvin, com 15 dias.

Desde o dia em que nasceram, os pequenos foram retratados em centenas de fotos e horas de filmagens caseiras. Enquanto eram novinhos demais para serem anunciados para adoção, os filhotes de Ceci fizeram 'pontas' em dois vídeos: o que fizemos de presente para uma ação do Celebridade Vira-Lata (LINK) e o vídeo de fim de ano dos Cães do Parque (LINK).




Foram ainda os astros principais no vídeo clipe 'Mãe', divulgado meses mais tarde, em homenagem ao Dia das Mães.

Nos últimos dias de 2012, quando os intrépidos gatinhos já estavam escalando cortinas e redes de proteção da casa e quando a tímida Ceci já não tinha tanto medo das pessoas, foram captadas as imagens que compuseram o vídeo de divulgação deles, veiculado a partir do início de Janeiro de 2013. Os cinco filhotes de olhos claros agora eram Alvin, Anabel, Clarissa, Baltazar e Gaspar.

 

Algumas das adoções já estavam definidas quando os filhotes, no dia em que completavam 3 meses de vida, foram castrados pela dra. Fernanda Conde, através do programa público de controle reprodutivo da prefeitura de São Paulo e recuperaram-se prontamente. Ceci foi castrada uma semana depois e sua recuperação também se deu sem qualquer intercorrência.

Em Fevereiro, cumprindo o cronograma estabelecido desde a captura da gatinha prenha, os felinos chegaram aos seus lares definitivos, adotantes escolhidos com extremo critério, pessoas que curtiram 'fazer parte' daquela história e que se prepararam previamente para receber seus gatinhos, telando seus apartamentos.

 

Gaspar, adotado pelo Felipe e pela Fernanda, na Zona Sul de São Paulo, em 02 de Fevereiro de 2013.

 

Alvin e Anabel chegam ao apartamento da Cássia, em São Caetano do Sul: 02 de Fevereiro de 2013.

 

As adoções de Baltazar e Clarissa demoraram um pouco mais. Por estarem um pouco mais crescidos, os dois irmãos ganharam um vídeo clipe novo, só deles:

 

Baltazar e Clarissa: adotados pela Patrícia, na Zona Sul de São Paulo, em 24 de Fevereiro de 2013.

Quanto à Ceci, a ideia era que ela fosse adotada junto com um de seus filhos - e isso chegou a acontecer: na verdade, ela foi a primeira a ter adoção confirmada e passou quase um mês, em companhia de Gaspar, no apartamento do Felipe e da Fernanda. Porém, a nova mudança de ambiente fez renascer o 'bichinho do mato' que ela era quando foi capturada no terreno baldio. Permanecia escondida todo tempo, não permitia sequer ser tocada, não se alimentava direito: não estava feliz.

Talvez com mais algum tempo acabasse se adaptando, mas, de comum acordo com os adotantes, resolveu-se que era melhor reconduzi-la ao lar temporário - que ela própria havia escolhido como definitivo.

Ceci e Maria Luiza: o que era temporário virou para sempre.

Ceci é hoje a gata mais tranquila, mansa e silenciosa do mundo. Na casa enorme e totalmente protegida, elege à vontade seus lugares preferidos e fez amizade com uma outra felina da família, de quem não se desgruda. Está gordinha e linda. 

Dos tempos em que viveu em um terreno baldio, conserva a timidez e um incômodo toda vez que alguém a pega no colo. Mas seus olhinhos azuis expressam a indisfarçável felicidade de quem resolveu, por conta própria, que moraria para sempre naquela casa; e ela é muito jovem: serão muitos e muitos anos.


Postagem original de Ceci e seus filhotes neste LINK.





Raul, Melina e Félix, o intruso.

Os outros dois felinos resgatados do terreno baldio - um macho e uma fêmea -, após serem castrados, foram abrigados pela Edna Perscarmona, a partir de Outubro de 2012. 

Por serem ambos muito jovens, é praticamente certo que tenham, ambos, nascido e se criado no abandono: eram dois autênticos "sobreviventes" e seria de se esperar que, por isso, fossem extremamente ariscos e demorassem muito a aceitar o convívio com pessoas.

Contudo, o gatinho macho surpreendeu: muito rapidamente adaptou-se à vida em uma casa e entendeu-se bem com os outros animais da família. Edna o batizou como Raul - e decidiu que ficaria definitivamente com ele. 

Edna com Raul.

A fêmea, porém, não teve uma socialização tão rápida. Extremamente medrosa, a gatinha de pelagem "escaminha", permaneceu por um longo tempo vivendo praticamente escondida, sem permitir afagos e sem interagir com as pessoas, apesar do extremo carinho que todos na casa da Edna tinham com ela.

A apavorada Melina: nos primeiros tempos, até fotografá-la era difícil.

Após alguns meses de lar temporário, uma dúvida se instaurou: como encaminhar em adoção uma gata com tal temperamento?

As coisas começaram a mudar no final de Janeiro de 2013, quando entrou na história um novo personagem: na mesma rua em que moram Maria Luiza e Edna, no segundo andar de um prédio em construção, um filhotinho foi avistado; na verdade, antes de ser avistado, foi ouvido: na beirada de uma laje, o pequeno se esgoelava, parecendo pedir para ser tirado de lá.

Os funcionários da obra relataram apenas que ele havia aparecido por lá, sem sinal de mãe ou irmãos. Fato é que o gatinho também ganhou abrigo na casa da Edna e - surpresa! - logo adotou Melina como mãe - ou como "irmã mais velha", tanto faz: os dois tornaram-se companheiros e isso ajudou incrivelmente a gatinha tímida a se soltar e tornar-se um pouco mais sociável.

Pouco mais de dois meses depois, quando o filhote, já batizado como Félix, pode ser castrado, foram anunciados com preferência para uma adoção conjunta. Ganharam um vídeo clipe:


Deram sorte os felinos: logo uma pessoa manifestou interesse na adoção dupla; melhor ainda: era alguém com experiência em felinos e que não se "intimidou" ao saber do temperamento retraído de Melina.

Félix e Melina: adotados pela Soraia em 05 de Maio de 2013.

Cumpridas as formalidades de praxe, no dia 05 de Maio de 2013, Félix e Melina foram adotados juntos, pela Soraia e hoje moram na Zona Sul de São Paulo.


Postagem original de Félix & Melina neste LINK.





Nicole, Calvin, Monalisa e Magali. 

Paralelamente à história dos gatos resgatados do terreno baldio, outros felinos entravam em cena: quatro lindos irmãos abandonados foram acolhidos pela Vera, gateira, protetora e apoiadora dos Cães do Parque em várias situações. Com o esmero de sempre, ela os preparou para adoção durante alguns meses. A nós, coube fotografá-los, filmá-los e divulgá-los.

Nicole, Calvin, Monalisa e Magali ganharam um vídeo clipe que foi veiculado a partir do início de Março:



Os adotantes, entre muitos candidatos, foram escolhidos com muito critério e muita calma. Mais uma vez, os contemplados foram pessoas que se dispuseram a preparar adequadamente seus apartamentos antes de receberem seus felinos.

Um a um, os irmãos foram encaminhados.

Magali foi adotada pela Ludimila, em 23.03.2013, na região central de São Paulo.

Monalisa chegou no dia 31.03.2013 ao apartamento da Camila, em São Caetano do Sul, SP.

Michele e Ana Carolina, do Centro de São Paulo, adotaram o tímido Calvin, em 07.04.2013.

Juliana e sua mãe receberam a Nicole, no Centro de São Paulo, no dia 13.04.2013.

Postagem original de Nicole, Calvin, Monalisa e Magali neste LINK.




O minúsculo Gregor e Vivi, sua irmã postiça.

Um filhote mestiço de siamês foi encontrado por moradores do parque, no início de Fevereiro de 2013. 

Era tão pequenino e fraquinho, que não sobreviveria por mais de uns poucos dias se não tivesse sido achado. Aparentava cerca de um mês. Nem sinal de mãe ou de irmãos. Era só ele, pequeno, feinho, barrigudinho, um monstrinho em miniatura.

Ganhou lar temporário da Vera e virou o irmão mais novo do quarteto Nicole, Calvin, Monalisa e Magali, com os quais conviveu por algum tempo.

Cerca de dois meses depois, batizado de Gregor, já era um felino lindo e esperto, que ganhou um vídeo clipe só dele.


Bastante divulgado, o filhotinho mirrado encontrado no parque pouco tempo antes, fez sucesso na internet e recebeu 20 propostas de adoção. O Wanderley e o Camilo, da Zona Leste de São Paulo, foram os escolhidos para recebê-lo.

Porém, eles desejavam adotar dois gatinhos. Encontrar uma irmã postiça para o Gregor não foi difícil: a Vivi, que então tinha cerca de 6 meses, era remanescente de uma ninhada abrigada pela Soraia meses antes - e estava pronta para ser adotada.

Preenchidas as formalidades, Gregor e Vivi conheceram-se no carro, a caminho do lar definitivo: no dia 12 de Maio de 2013, foram recebidos pelo Wanderley e pelo Camilo.

Wanderley com Gregor e Camilo, com Vivi: adotados em 12 de Maio de 2013.

Postagem original do Gregor neste LINK.



Amora: a adoção mais rápida da história.

Uma gatinha peluda, aparentando 3 ou 4 meses de vida foi vista nos primeiros dias de Abril, na área administrativa do parque. Dois dias depois de ter sido avistada pela primeira vez, como se soubesse o que estava fazendo, reapareceu exatamente onde fica o nosso ponto de apoio; e chegou no colo de um vigia que bateu na porta dizendo: "achei um gatinho".

Ao ver a caixa de transporte onde seria colocada, assustou-se e pulou do colo dele; mas não fugiu, como seria de se esperar: ficou por ali mesmo, fazendo charme por alguns minutos. Foi recapturada na base do "vem cá, gatinho" e, agora sim, instalada na caixa de transporte.

Deveria ser mais uma abrigada por pouco tempo em lar temporário pela Vera, em cujo apartamento chegou 15 minutos depois. Porém, Amora não sabia, mas já estava adotada: poucos dias depois, a Vera comunicou que para ela o lar não era temporário, era definitivo. 

Desde o dia 03 de Abril de 2013, Amora detém o recorde de adoção mais rápida da história dos Cães do Parque.



Estrela

A gatinha Estrela apareceu em Janeiro de 2013, bem longe da área de uso público do parque. É muito pouco provável que tenha sido deliberadamente abandonada.

Abrigada inicialmente no nosso ponto de apoio, mostrou-se extremamente mansa e carinhosa com todos, deixando claro que estava acostumadíssima ao convívio com pessoas: não era - definitivamente - uma gata "de rua".

A Alessandra a levou para ser castrada e resolveu ficar com ela em lar temporário até que fosse adotada. Estrela então foi anunciada para adoção e apareceu toda charmosa em um vídeo clipe com uma música super apropriada.


Alguns interessados na adoção até se manifestaram; mas o que a gente já podia supor, por conhecer bem quem estava oferecendo o lar temporário, aconteceu: Estrela juntou-se ao elenco felino da casa da Alessandra e está adotada por ela mesma, desde Fevereiro de 2013.

Postagem original da Estrela neste LINK.



Monalisa II 

A gatinha branquinha e de olhos azuis, aparentando menos de um ano de idade, foi resgatada pela Vera de uma situação de risco, abrigada por algumas semanas e preparada para adoção.

A nós, coube apenas seu encaminhamento. Ela deveria ser anunciada, mas não foi necessário: a Ana Carolina e a Michele, que dois meses antes haviam adotado o Calvin - agora convertidas em gateiras -, já nos haviam pedido para adotar uma irmã para ele.

Adotante conhecido, de confiança, já com apartamento preparado, a gente nem pensa duas vezes: no dia 23 de Junho de 2013, batizada como Monalisa, a felina chegou ao seu lar.

Ana Carolina e Michele com a segunda Monalisa desta postagem: 23.06.2013.

O encaminhamento de gatos em adoção é menos óbvio que o de cães: exige por parte do protetor um pouco mais de tato, em especial a respeito da segurança da moradia. Por conta disso, quando são felinos que temos para encaminhar, temos nos tornado a cada dia mais "chatos": para alguns desses gatinhos, descartamos dezenas de interessados até que um adotante 'ideal' surgisse.

De toda maneira, por muitas razões, há cada vez mais pessoas querendo adotar gatos. Porque há muitas pessoas morando sozinhas, muitas morando em apartamentos pequenos, muitas sem o tempo necessário que um cão exige.

É um fato: os gatos são os animais de estimação do século 21.