A tarefa básica da ação voluntária Os Cães do Parque é, desde sempre, monitorar a pequena população de cães remanescentes na área em que atuamos e evitar que seu número aumente. Isso tem sido conseguido: todos os cães do parque (com exceção de dois machos idosos) foram castrados e o número de ocorrências de abandonos deliberados diminuiu muito nos últimos meses.
Contudo, pouco se pode fazer quando algum cão já adulto (por ter sido negligenciado e fugido de casa, por exemplo) se fixe em algum ponto da imensa área florestal. O encaminhamento para adoção nem sempre é algo óbvio e confinar um cão apenas porque ele apareceu na área, acreditando que se pode conseguir em um tempo razoável um lar para ele, nem sempre é uma atitude inteligente.
O encaminhamento para adoção não é um objetivo, mas sim uma contingência: reservada principalmente a filhotes e aos adultos que sejam menores, mais frágeis, mais dóceis, que tenham reais chances de conseguir um lar rapidamente.
Independente disso, quando algum novo cão aparece e se fixa na área, o objetivo inicial passa a ser castrá-lo - muito especialmente se for uma fêmea.
Nós já tínhamos, há algum tempo, conhecimento de que a cadelinha pretinha havia se fixado em uma área retirada do parque e se afeiçoado a porteiros e seguranças, dos quais recebia alimentação. Levá-la para a castração já estava nos planos. Porém, quando fomos avisados que ela entrara no cio e já estava atraindo cães das redondezas, o assunto tornou-se urgente.
Castração agendada, um dia antes fomos buscá-la. Após a cirurgia, que correu como sempre sem complicações, a ideia era mantê-la presa por apenas alguns dias para cicatrização e depois devolve-la ao mesmo lugar: já estávamos com alguns cães abrigados a espera de adoção, não faria sentido manter mais uma, sabe-se lá por quanto tempo.
Porém, de vez em quando acontecem coisas nesse trabalho que acabam com qualquer noção de pragmatismo: a cachorrinha, que nem nome tinha, se mostrou um amor! Quieta, educada, carinhosa. Já sabia andar na coleira, era alegre, pequena, delicada, estava pronta para ter um dono.
E agora?
Ok, vamos tentar.
A cachorrinha ganhou um dia de princesa no petshop, com direito a banho, tosa e lacinhos, e - já batizada como Ísis - apareceu toda faceira em um vídeo clipe:
Deu sorte a malandrinha: logo nos primeiros dias de veiculação de seu anúncio, uma interessada se manifestou. Não estava distante e tinha todas as condições para adotar.
Cumpridas as formalidades de praxe, no dia 27 de Julho de 2013, a barbudinha chegou à casa da Michele, na Zona Sul de São Paulo: e chegou completamente desinibida, fazendo festa, pulando no sofá e subindo no colo.
Parecia até que a casa já era dela.
Talvez fosse.
Nós, talvez, só demos uma forcinha para que ela chegasse até lá.
Michele, que bom! Não conhecia este lado seu! puro gesto de amor!
ResponderExcluirContinuei sempre assim. Afinal eles são nossos melhores amigos(as). abraços!!!
Até FACU!!!!!!!!!!