Sete lares para sete cachorrinhos

Por Os Cães do Parque

Em julho de 2010, quando "Os Cães do Parque" era apenas uma idéia e não passava de algumas pessoas tentando dar assistência aos cães abandonados fixados em um parque público, sem muito método ou organização, acudimos uma cadelinha grávida e seus sete filhotes, em história já contada em outra postagem. 

Sem experiência, naquela oportunidade, fizemos o que foi possível pela mãe e pela primeira fase de vida dos filhotes e ajudamos alguns deles a conseguirem adoção. Mas, com o traquejo e os conhecimentos adquiridos depois, ao lembrar daqueles belos cachorrinhos nascidos no quintal da administração do parque, passamos a considerar que poderíamos ter feito muito mais e de uma forma muito mais correta.

Exatamente um ano depois, a oportunidade de provar isso, com uma ação limpa e bem executada, surgiu: uma senhora vizinha do parque, cuja cadela havia dado cria, soube do nosso trabalho, entrou em contato e pediu ajuda para conseguir adoção para os filhotes.

Ao visitar a casa extremamente humilde, de uma comunidade carente, conhecemos sete graciosos cachorrinhos de 2 meses de vida: eram 6 fêmeas e um macho, todos saudáveis. Conseguir adotantes seria a parte mais simples. E, felizmente, havia ali o desejo sincero de fazer a coisa certa: a Rosana, a dona deles, precisava apenas de orientação e de assistência.

Primeiras fotos dos filhotes

Explicamos que para encaminhar cães para adoção, antes de mais nada era necessário que estivessem castrados e orientamos como conseguir de forma gratuita, senhas de castração na Prefeitura de São Paulo: e que ela mesma deveria fazer isso. Indicamos que agendasse as castrações em nossa clínica de confiança, com as doutoras Fernanda Conde e Luciana Pavesi. 

Fotografamos os filhotes e combinamos que só começaríamos a anunciá-los depois que as cirurgias estivessem agendadas. Combinamos também que até a data de castração, não tiraríamos os filhotes de lá e que toda a ação seria executada ali, no quintal dela. 

Rosana, com Mariana e Snoopy, pais dos filhotinhos

E fizemos uma exigência: que a cadela Mariana e o cachorrinho Snoopy (os pais da ninhada) também deveriam ser castrados: assim o "evento" não correria o risco de se repetir poucos meses depois. 

Com tudo devidamente combinado, iniciamos a ação: passamos a visitar os filhotes com constância, fornecemos rações e vermífugos, aplicamos a primeira dose da vacina V10 em todos eles. "Batizamos" os filhotes - Bel, Glorinha, Bianca, Naya, Yara, Dora e Snoopy Júnior - e começamos a anunciar as adoções nas redes. 


O objetivo era um só: conseguir que todos já estivessem com adotantes definidos antes mesmo de serem castrados.


Com a ajuda providencial de alguns poderosos twitters, a postagem anunciando os filhotinhos teve mais de 8 mil acessos em pouco mais de duas semanas. E, como esperado, apareceram adotantes para todos eles (a peludinha e bagunceira Bel, recordista de interessados, teve pelo menos 20 candidatos a adoção).


Na véspera da data marcada para as castrações, finalmente tiramos os filhotes da casa da Rosana, levando-os para um abrigo temporário onde eles ficariam mais protegidos de infecções no pós-operatório (emocionada, a Rosana, que seguiu certinho todas as orientações, beijou um por um e desejou boa sorte a eles, ao se despedir).


Tudo correu bem nas cirurgias e, poucos dias depois, com os cachorrinhos plenamente recuperados, ainda mais bonitos, gordinhos e saudáveis, começamos a operação de entrega deles para seus adotantes.

Sônia e Amanda adotaram a pequena Glorinha

O Vítor adotou a Dora

A cobiçada Bel foi morar com a Lúcia em Taubaté

A Flávia adotou a Yara

Karoline e Allan adotaram o Snoopy Júnior

A Naya foi morar com a Michele e a Giovana

Alessandra e Fábio adotaram a Bianca

Executar uma ação desse tipo não exige grandes aparatos logísticos. Sim: demanda tempo, exige jeito para a coisa e custa dinheiro. Mas não é um bicho de sete cabeças. Quem nos acompanha sabe que não acreditamos em "abrigos para animais" e não participamos de feirinhas. Também não cobramos taxas e não pedimos nenhum tipo de auxílio a quem quer que seja. Acreditamos que é possível fazer, embora pouco, bem feito. E as redes sociais são uma benção: permitem divulgação em larga escala, bastando um pouco de talento e alguns cliques.

E se, além de encaminhar os cães para adoção, for possível utilizar a ação para difundir cultura - e foi o que aconteceu nesse caso - tanto melhor.

Acreditamos que mais gente pode fazer o mesmo. E não precisa "ONG", não precisa "patrocínio": basta organização, dedicação e amor.

Sete cachorrinhos ganharam sete lares. 

Sete famílias ganharam sete companheiros. 

Mariana e Snoopy não terão mais filhotes. 

A Rosana ficou feliz, aprendeu um monte de coisas e já está ensinando as vizinhas da comunidade. 

Alguns milhares de pessoas lerão esta postagem.


Nós? O resultado compensa a exaustão. E é certo: em um ano aprendemos muitas coisas.

VÍDEO: 24 horas após as castrações, os filhotes no abrigo temporário

Agradecimentos sinceros. A todos que divulgaram as adoções no twitter. O seu RT ajudou a conseguir sete adoções: @Vanifacts, @QueridoCachorro, @narcisaoficial, @Penelope_Nova, @caosemdono, @CesarMenotti e tantos outros. Ao site parceiro "Animais para Adoção". E agradecimentos muito especiais à @CidaCandido, pelo inestimável apoio de dar lar temporário extra para a Bianca. Vocês fizeram parte. Obrigado!