Stella e filhotes: Anita, Abel, Astor e Apolo

Por Os Cães do Parque


Em Abril de 2013, quando já estávamos com vários abrigados em nosso ponto de apoio no parque (inclusive filhotes quase prontos para adoção), fomos avisados por um vigia que aquilo que mais combatemos tinha acontecido de novo: uma cadela com filhotes tinha sido abandonada no estacionamento - e acontecera em plena luz do dia de uma quinta-feira, sem que ninguém tivesse notado.

Esse tipo de ocorrência, antes comum, havia se tornado rara já há algum tempo. 

Chegando ao local, encontramos a cadelinha que, assustada e tentando proteger seus quatro filhotes pequenos, deu algum trabalho para ser capturada e levada até o abrigo, onde foram precariamente alojados no pouco espaço que havia disponível.

Era uma cachorrinha pretinha, muito magra e maltratada, com ferimentos nas patas e nas costas. Os filhotes - três machos e uma fêmea - aparentavam dois meses de vida, todos pretinhos, feínhos, sujos, remelentos. E, todos eles, famintos.

Stella e sua prole haviam acabado de entrar na história dos Cães do Parque.




Durante os primeiros dias, tendo que dar prioridade a outros abrigados que estavam já sendo encaminhados para seus adotantes, mal conseguimos dar atenção à nova família de hóspedes; apenas depois desse período começamos a conhecê-los melhor.  

Os filhotes eram quatro diabinhos barulhentos e esfomeados que, não raro, brigavam entre eles. A mãe, uma moleca que calculamos ter pouco mais de um ano de idade, não ajudava: agitada, barulhenta e cheia de energia, detestava ficar presa.

Anita
Abel
Astor
Apolo







Em Maio, com a família pretinha já toda castrada, bem mais gordinha e bem tratada do que no dia em que os encontramos, começaram a ser divulgados, todos juntos, para adoção. Como sempre acontece em situações desse tipo, o grande "desafio" era conseguir a adoção da mãe, já que filhotes sempre têm muitos interessados.

Ganharam um vídeo clipe:




Nas semanas seguintes, os filhotes, sem maiores dificuldades, logo tiveram seus adotantes escolhidos:

O Kléber e a Layla adotaram a pequena Anita em 19 de Maio de 2013. Logo em seguida, ela se mudou com eles para Florianópolis/SC.
O Abel foi adotado no dia 26 de Maio de 2013, pelo Ednaldo e sua família, da Zona Leste de São Paulo.
A Mariana, da Zona Sul de São Paulo, adotou o Apolo no dia 26 de Maio de 2013.

O Astor foi morar no interior: no dia 08 de Junho de 2013, ele foi adotado pelo Mateus e pela Keyla, de Botucatu/SP.

Stella chegou a ter algumas consultas, mas sua adoção não se concretizou ao mesmo tempo em que aconteciam as adoções dos filhotes, como era nosso desejo. Como já não havia filhotinhos para anunciar, Stellinha ganhou um novo 'material promocional', com vídeo clipe novo, só dela, com o mesmo tema:


Mas a adoção não acontecia e a Stella foi ficando. Algumas consultas eventuais sobre ela até apareciam, mas não se concretizavam. 

E a Stella foi ficando. 

Foi ficando e se tornando a líder da pequena matilha de abrigados: logo compreendemos que ela seria a líder natural de qualquer matilha e reinou absoluta entre as outras cadelinhas abrigadas, com as quais conviveu pelos meses seguintes. Com suas brincadeiras e molecagens, judiava das menores ou mais gordinhas. Provocava até não mais poder a pitbull Jordana: mas apenas por ter a certeza de que ela estava sempre bem trancada em seu canil. Porém, sensata que é, convivia respeitosamente com o único cachorrão macho abrigado - o Joe - com quem podia ser deixada sozinha por horas, sem que nem uma única rusga tenha acontecido. 

Única capaz de subir no parapeito da janela, com a agilidade de um gato, era a primeiríssima a dar o alarme quando nós (ou qualquer pessoa, ou qualquer coisa que se movesse) nos aproximávamos do abrigo. Tinha sempre que ser a primeira a receber atenção, a primeira a sair para o passeio, a primeira a comer.

Sim: indisciplinada e barulhenta, Stella deu muito trabalho. 

Durante o tempo em que permaneceu conosco, o nome "Stella" era, todos os dias, de longe, o mais pronunciado durante os cuidados aos abrigados:

- Sai daí, Stella!
- Larga ela, Stella!
- Desce daí, Stella!
- Cala a boca, Stella!
- Stella, pelo amor de Deus, fica quietinha, só um pouquinho ... 

Mas a energia infinita da Stella acabou incorporada ao nosso cotidiano por mais tempo do que costuma ser normal e aprender a gostar muito dela foi inevitável. Sabíamos que um dia ela seria adotada, mas era necessário que o fosse por alguém que a quisesse muito, a ponto de ter paciência com seu temperamento e que oferecesse a segurança de uma casa segura e à prova de fugas.

Quando a Ivani Weffort entrou em contato conosco em Janeiro de 2014, se dizendo interessada na adoção, achamos que teria boas chances de dar certo porque já a conhecíamos das redes sociais; melhor ainda que isso, descobrimos que ela morava muito próxima de nós. 

A única dúvida: a intrépida Stellinha se daria bem com os dois cães da Ivani?

O fato da Ivani morar pertinho permitiu que fizéssemos algo inédito: um trabalho de adaptação, levando-a a várias visitas até aquele que poderia ser seu novo lar, para que ela fosse, aos poucos, se entendendo com os cães da casa. 

Em 23 de Fevereiro de 2014, a adoção da Stella pela Ivani: finalmente "oficializada".

Após a quarta ou quinta visita, concluindo que tudo correria bem e que a Stella seria, como esperado, líder de mais uma matilha, a adoção foi "oficializada". 

Foram 10 meses conosco, desde o dia em que foi abandonada covardemente com seus filhotinhos pequenos no estacionamento do parque - mas disso, ela obviamente, nem se lembra mais; e, pelo que sabemos, continua a mesma vira lata alegre, "espaçosa" e cheia de energia.

2 comentários:

  1. Fábio ela continua terrível mas muito feliz com os irmãs. E continua gostando de uma janela..... bjs

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  2. Fico muito feliz por ter indicado a Ivani para ser a "mamãe" da Stella!

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