Os quatro gatinhos

Por Os Cães do Parque



Quando alguém se dedica a esse trabalho que fazemos, passa a estar sujeito a um risco: há pessoas que encaram os protetores como uma espécie de lixeiro, uns abnegados que têm - na idéia delas - a obrigação de resolver problemas relacionados a animais. Como se tivéssemos limpar a sujeira causada por gente irresponsável e negligente.

Há quem ache inclusive, que nós ganhamos algo para fazer isso, como fosse uma profissão - com salário pago por algum duende imaginário que só existe nas mentes de gente assim.

- Ué, mas ceis não é ong?

Não, nós não somos "ong". Somos só gente que não fica esperando solução de braços cruzados. Mas somos capazes de notar o quanto o conceito de "ong" está desmoralizado neste país. Para muita gente, "ong" é sinônimo de quem ganha para fazer qualquer serviço "sujo", uma espécie de disque-emergência que existe pra sumir com o problema da frente delas.

Porque há gente que não se importa em saber de onde o problema veio ou para onde o problema vai: para elas, basta não ver o problema. Se alguém vem e leva o problema embora, para elas está ótimo: ficam com a consciência tranquila e ainda acham que tomaram uma atitude super "cidadã".

Há gente de má fé, sim. Já topamos com gente bem canalha, capaz de usar o nosso amor pelos animais como motivo de chantagem ("se você não levar, se você não resolver ... eu vou fazer isso ou aquilo, vou jogar não sei onde, vou mandar não sei pra onde").

Mas há também gente ingênua, que não faz por mal.
Em alguns casos, vale a pena ajudar.

Numa tarde, no final de Janeiro de 2011, por saber que por ali, naquele bairro, havia umas pessoas que cuidavam de animais, uma mulher foi andando e perguntando até nos encontrar. Nas mãos, uma caixa de papelão com quatro gatinhos aparentando 2 meses de vida.

- Vocês aceitam?

Era uma pessoa muito humilde. Morava num cortiço, tinha crianças pequenas. E uma gata, que emprenhou e teve aqueles filhotes. Ela não tinha condição alguma de mantê-los. Fosse uma pessoa de má fé, os descartaria, abandonando em algum lugar. Mas ela queria sinceramente que eles fossem encaminhados. E estava pedindo ajuda.

Não ficamos com os filhotes. Mas prometemos ajudá-la a mantê-los e a conseguir suas adoções. E orientamos como conseguir senhas para castração gratuita, que ela mesma deveria ir retirar.

Ela colaborou, fez tudo certinho: no dia seguinte as senhas já estavam lá, para os filhotes e também para a mãe deles. Durante as semanas seguintes fornecemos ração, ministramos vermífugos e anti-pulgas. Levamos e trouxemos os bichinhos para a castração na data marcada. Mas sempre mantendo-os na casa dela.





Anunciados na internet, dois dos filhotes foram rapidamente adotados. Pelo twitter, a Vilma viu o anúncio, entrou em contato e escolheu os dois gatinhos, que recebeu em casa no dia 10 de Fevereiro de 2011.









Os outros dois demoraram um pouco mais para ganharem um lar definitivo, o que exigiu a publicação de um novo anúncio nas redes.
















Finalmente, por ter visto o anúncio publicado no site Animais para Adoção, o Rodrigo entrou em contato e acertou a adoção dos dois charmosos irmãos amarelos, que recebeu em casa no dia 19 de Março de 2011.









Não temos a pretensão de consertar o mundo ou de salvar todos os animais abandonados da cidade. Fazemos um trabalho pequeno e focado num parque público. Não existimos para ajudar pessoas a resolverem problemas causados por sua própria ignorância ou negligência.

Mas, quando procurados por quem tenha a intenção sincera de fazer a coisa certa, podemos ajudar. E gostamos de lembrar do encaminhamento desses quatro irmãos como um exemplo disso.

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